Jovem com mochila em cima de uma flecha (Smart / Unsplash)
Existem pessoas que, literalmente, pararam no tempo – e não são poucas!
Veja, não há problemas em se enlutar pela morte de um ente querido, chorar por um relacionamento fracassado, ou, até mesmo, ter boas recordações do tempo de faculdade.
Acontece que, ao invés de respeitar o tempo de luto, lamentar a morte de um falecido, ou, dar boas risadas do tempo de universidade, o sujeito faz com que sua vida gire apenas em torno dessas circunstâncias, inibindo a possibilidade de viver momentos melhores do que àqueles.
Eu tenho certeza que o próprio Apóstolo Paulo tinha lembranças de seu passado e que, o sofrimento, perseguindo cristãos, era muito menor do que salvando gentios, o que, sem sombra de dúvidas, o fazia reviver alguns momentos de glamour em seu posto como fariseu.
Todavia, ao vislumbrar a sua vida eterna, Paulo tomou, a meu ver, uma das decisões mais importantes de sua vida:
“esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13-14)
O principal problema de viver o passado, reside no fato de que, não consigo prosseguir para o alvo e, portanto, atingir o propósito para qual fui criado, o que não apenas me impede de cumprir minha missão com os meus semelhantes, como também de encontrar a verdadeira satisfação e plenitude.
Culpar o passado
É importante dizer, ainda, que, na maioria dos casos de pessoas que vivem dessa maneira, por trás disso, há uma fantasia que serve, de certo modo, como um escudo vitimista. Neste caso, o indivíduo, utiliza o tempo passado como um mecanismo de defesa, para justificar os seus erros atuais, o que, de algum modo, se presta como um remédio paliativo, para se conformar com a vida atual. Uma simples frase muito usada pode explicar essa ideia: “naquele tempo, as pessoas me valorizavam e, por isso, eu conseguia ser uma pessoa melhor” ou “na época que minha mãe era viva, as coisas eram diferentes, porque eu não sentia um vazio”.
Acontece que, como dito acima, toda essa tentativa de idealizar o passado é fantasiosa, porque, na verdade, ninguém o valorizava e, na época que a mãe era viva, esse sujeito a via como um obstáculo para atingir sua liberdade pessoal, mas, para abonar a culpa, o indivíduo culpa, até mesmo, um dos três tempos verbais, qual seja: o presente. Ou seja, o tempo presente se torna vilão e o herói é o passado, já que, naquele tempo, haviam ferramentas que permitiam cumprir os objetivos e ser feliz.
Ao agir dessa maneira, há uma supressão da possibilidade do cumprimento de propósito, por duas simples razões: primeiro, o não reconhecimento da própria falha e, consequentemente, a inércia.
Ora, o primeiro passo para mudança é o reconhecimento e, ainda que indiretamente, uma vez que é atribuída a responsabilidade do fracasso a um tempo verbal, o ser é humano é, automaticamente, programado para inércia, porque, a lógica de leigo seria mais ou menos assim: se o tempo é o culpado e o passado não volta, logo, não há mais o que fazer.
Tudo isso pode estar te parecendo loucura, mas me atrevo a dizer que, todos nós já fizemos exatamente isso: enaltecemos o passado e culpamos as circunstâncias presentes por nosso fracasso.
Eu sempre digo que ter boas lembranças do passado é ótimo, mas estas, jamais podem ser melhores do que as recordações que você está construindo hoje, para se recordar no futuro.
“E se” ou “eu vou”?
Eu duvido que você nunca disse a célebre frase: “se eu tivesse agido dessa forma, tudo seria diferente”. Não diga que não, porque, eu mesmo, já falei e as vezes me pego dizendo isso, e atire a primeira quem nunca.
O fato é que, eu tentei plantar um pé de “e se” no quintal da minha casa e não cresceu. Sabe por que? Apesar de parecer clichê, eu preciso te e me lembrar que o passado não volta mais, e justamente por isso, o “e se” só serve se tiver combinado da expressão “eu vou”.
Seria mais ou menos assim: “se eu tivesse valorizado mais meu avô, não estaria com remorso; por isso, a partir de hoje, eu vou apreciar mais a minha avó”.
Perceba que, neste caso, houve um aprendizado, porque, o sujeito reconhece seu erro, não culpa o tempo verbal presente de ter ceifado a vida de seu avô e, ao mesmo tempo, busca reparar, de algum modo, seu erro, passando, a partir de agora, a valorizar sua avó.
Isso foi exatamente o que o Apóstolo Paulo fez: reconheceu que foi um canalha de perseguir cristãos (culpou a si mesmo) e, ao perceber sua falha, em sua mente diz “eu vou mudar minha vida e me redimir, passando, a partir de hoje, a converter gentios”; mas, para isso, foi necessário outra atitude: esquecer das coisas que já se passaram e prosseguir para o alvo (Fp 3:13-14).
Agora que eu já fiz a alerta da necessidade de reconhecer os erros, também preciso de seu entendimento para o seguinte: se nem Jesus condenou o Apóstolo Paulo pelo seu passado, por que você sentencia sua própria morte? Em Isaías, o Senhor disse:
“Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão.” (Isaías 1:18)
Embora você possa considerar o seu passado um gravíssimo erro, o Senhor promete que o seu pecado se tornará branco como a neve; para os homens é ilógico, para Deus plenamente possível. Não seja refém do seu passado, pelo contrário, use-o como aprendizado, experiência e boas lembranças, mas não se esqueça: as recordações que você está construindo hoje, para o seu futuro, devem ser sempre melhores do que as passadas.
Conferencista, pregador e criador do canal Moisés Bichara no YouTube.
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