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Por muitos anos, a Igreja interpretou de forma errônea a atuação do Espírito Santo, procurando mais aquilo que o Espírito Santo pode nos dar (dons), do que aquilo que ele pode gerar em nós por meio da santidade (Fruto). Apesar dos muitos simbolismos utilizados na Bíblia (vento, fogo, pomba, água, azeite), o Espírito Santo é uma Pessoa e não uma força como alguns erroneamente pensam[1]. Infelizmente, alguns irmãos tratam o Espírito Santo mais como um poder do que uma Pessoa. No entanto, a Palavra nos deixa claro que o Espírito de Deus é uma Pessoa que ama, sente, fala e ouve, e tem como missão primordial conduzir a Igreja (Jo 14:26) e produzir em nós o fruto da alegria.
A missão do Espírito Santo é conduzir o homem a toda verdade, transmitindo-lhe as palavras de Cristo, fazendo-o lembrar delas (Jo 5:39), através da espada do Espírito (Ef 6:17), repassando ao homem a capacidade de ser alvo da plenitude do Senhor.
“Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes, perfeitamente compreender, com todos os santos, qual a largura, e o comprimento, e altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3.17-19)
Fruto do Espírito: expressões do caráter de Cristo em nossas vidas
Através do Fruto do Espírito Santo, essas virtudes constatadas na passagem acima se manifestam na vida do cristão, e este se torna cheio do Espírito Santo (Ef 5:18). O Fruto do Espírito são expressões do caráter de Cristo e conduz o homem à santificação (Jo 17:17). De acordo com Myer Pearlman: “ A sua obra principal é a santificação”.[2]
Entretanto, para muitos, ser cheio do Espírito é sinônimo de “rebuliço litúrgico”, “emocionalismo histérico”, “manifestações carismáticas”, “efusão de dons” e “manifestação de línguas estranhas”. Porém, na contramão do pensamento corrente, o crente cheio do Espírito é alegre, vibrante, cheio de amor, valorizando o viver pela Palavra. Ele não apenas lê a palavra, mas conhece ao Deus da Palavra; não apenas carrega a Bíblia, mas retém a Palavra, buscando diariamente uma experiência vivencial que gere intimidade com o Espírito Santo.
De acordo com Robert Menzies: “Não há cristão sem o Espírito. Não há cristão que exista sem a obra do Espírito Santo em nossa vida”[3]
Para concluir este tópico acerca do tema supracitado, devemos nos atentar ao fato de que a palavra “Fruto” encontra-se no singular, e não no plural, demonstrando que se trata de um único Fruto subdividido em nove atributos (ou virtudes), oriundos do amor, sendo esta a plataforma para a operação de tais atributos componentes do Fruto do Espírito (Gl 5:22, I Co 13:1,4-8), pois Deus é o próprio amor (I Jo 4.7-8).
A Importância do Fruto do Espírito para a Espiritualidade Cristã
Gálatas 5:22-23 nos diz: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (…)”. Sabido é que o Fruto do Espírito é resultado da presença do Espírito Santo na vida do cristão. A Bíblia deixa bem claro que todos recebem o Espírito Santo no momento em que aceitam a Jesus (Rm 8:9; 1 Co 12:13; Ef 1:13-14), sendo que o principal propósito do Espírito Santo ao entrar na vida de um cristão é transformá-lo e torná-lo parecido com Jesus.
De acordo com teólogo pentecostal Eurico Bergsten:
“O Espírito Santo ajuda o crente a entregar-se inteiramente ao Senhor, para, assim, dominar sua velha natureza.” [4]
Os atributos que compõem o Fruto do Espírito estão em direto contraste com as obras da carne, que se encontram expostas em Gálatas 5:19-21: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro como já, outrora, vos preveni que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”. Tal passagem, basicamente, descreve a vida das pessoas, em proporções diferentes, quando elas não conhecem a Cristo e, portanto, não estão sob a influência do Espírito. Nossa carne pecaminosa produz certos tipos de fruto (Gálatas 5:19-21), e o Espírito Santo produz outros tipos de Fruto (Gálatas 5:22-23).
O Fruto do Espírito produz santificação
A obra de Deus deve ser feita na plenitude do Espírito (Ef 5:18), e para ser cheio de sua presença é necessário que em nossas vidas se produza os atributos do Fruto do Espírito, pois a verdadeira santificação é manifestada através deste precioso Fruto, representando cada área a qual o Senhor deseja dominar em nossas vidas. O crente cheio do Espírito Santo é aquele que é cheio da Palavra e manifesta o Fruto, isto é, vivendo em novidade de vida (Rm 7:6). Entretanto, para que o cristão tenha a plenitude do Espírito, deve primeiramente compreender que o enchimento ocorre de forma progressiva, e não imediata como muitos ensinam, progresso este durando por toda a vida.
Enfim, a vida cristã é uma batalha entre as obras da natureza pecaminosa e os atributos que compõem o Fruto do Espírito. Tornar essa batalha um meio de inclinação à santidade, pelo convencimento humano, sim, é a principal obra do Espírito, pois o Senhor está interessado num povo santo e de boas obras, que busque ter caráter por meio da santidade, para que assim possa fazer a diferença e implantar os valores do Reino entre os homens.
“Porque o Reino de Deus, não é comida nem bebida, mas paz, alegria e justiça no Espírito Santo”. (Rm 14:17).
[1]
PEARLMAN. Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora
Vida, 2016.
[2]
PEARLMAN. Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora
Vida, 2016.
[3]
MENZIES, Robert. Pentecostes: essa história é a nossa
história. Rio de Janeiro: CPAD,2016.
[4] BERGSTEN, Eurico. Lições bíblicas CPAD: A
Pessoa e a obra do Espírito Santo. Edições CPAD. Rio de Janeiro, 2004.
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